NEW YORK
a serpente das ruas arrasta seus ruídos, raps & neons
devora um real que acumula seus pós
sobre nós, camadas
de civilização sem fim e sem saída
e o atropelamento de toda emoção
restrita
a um cão, olhando, perplexo,
a sexta avenida
o fog artificial
dos restaurantes coreanos clandestinos no subsolo
se mistura com o tráfego, tráfico, fôlego —
escapa de bocas-de-lobo e abraça
um sinal, letras em vermelho, onde se lê
DON’T WALK DON’T WALK DON’T WALK
que some no branco estúpido de um céu cinza.
Nenhuma chance para Shelley, Keats,
nenhum haicai possível por aqui —
a não ser os gritos inumanos, os pensamentos anônimos, os urros urbanos
de um homem que acabou de enlouquecer.
NEW YORK
la serpiente de las calles arrastra sus ruidos, raps & neones
devora un real que acumula sus polvos
sobre nosotros, capas
de civilización sin fin y sin salida
y el atropellamiento de toda emoción
restricta
a un perro, mirando, perplejo,
la sexta avenida
el fog artificial
de los restaurantes coreanos clandestinos en el subsuelo
se mezcla con el tránsito, tráfico, aliento —
escapa de bocas-de-lobo y abraza
una señal, letras en rojo, donde se lee
DON´T WALK DON´T WALK DON´T WALK
que desaparece en el blanco estúpido de un cielo gris.
Ninguna chance para Shelley, Keats,
ningún haikai posible por aquí —
a no ser los gritos inhumanos, los pensamientos anónimos, los rugidos urbanos
de un hombre que acabó de enloquecer.
De Solarium (1994).
IMPÉRIO DOS SEGUNDOS
Se eu fosse parar pra saber
o sabor deste instante
não iria jamais perceber
do que é feito o durante,
a carne de cada segundo,
minuto de cada poente
de que é feito este mundo,
sangue, esperma, poeira,
não ia jamais me lembrar
da trama da tarde, museu
onde moram as velhas horas,
nem o duro rosto deste outro
outono, matéria, mistério,
nem a memória, esse mármore
em fluxo, rugido em estéreo
de uma incessante cachoeira.
IMPERIO DE LOS SEGUNDOS
Si yo fuese a parar para saber
el sabor de este instante
no iría jamás percibir
de qué está hecho el durante,
la carne de cada segundo,
minuto de cada poniente
de qué está hecho este mundo,
sangre, esperma, polvo,
no iba jamás a acordarme
de la trama de la tarde, museo
donde viven las viejas horas,
ni el duro rostro de este otro
otoño, materia, misterio,
ni la memoria, ese mármol
en flujo, rugido en estéreo
de una incesante cascada.
De Experiências extraordinárias (2015).
GREEN FLASH
Para Patricia Caswell, Bruce Rodgers e Sharyn Lonsdale.
Vida, você me deu tanto
não tenho como retribuir.
Me deu a trilha sonora contínua do mar
me deu este pôr de sol salmão
me deu o que deus nenhum
nunca deu.
Só tenho como pagar
com minha cota diária de espanto,
minutos de silêncio
espasmos de alegria
enquanto você cria.
Só posso prometer
ser seu
biógrafo fiel e privilegiado,
seu tradutor:
enquanto, dia a dia,
você segue escrevendo a mesma beleza,
musa incansável,
inalcançável
Com suas nuvens como deuses cambiantes
com o motor do seu oceano em nossos ouvidos
com a maré vermelha ardendo nos olhos
com a tarde que ainda nos deixa uma última surpresa:
no claro infinito horizonte do mar
a moeda gigante do sol mergulha mas deixa
esse milagre gradiente:
sobre sua cabeça dourada
numa fração de segundos
um brilho verde.
21 de dezembro de 2012, Hermitage Artist Retreat, Manasota Key, Flórida.
GREEN FLASH
Para Patricia Caswell, Bruce Rodgers e Sharyn Lonsdale.
Vida, vos me diste tanto
no tengo cómo retribuir.
Me diste la banda sonora continua del mar
me diste esta puesta de sol salmón
me diste lo que ningún dios
nunca dio.
Solo tengo como pagar
con mi cuota diaria de espanto,
minutos de silencio,
espasmos de alegría
mientras vos creás.
Solo puedo prometer
ser tu
biógrafo fiel y privilegiado,
tu traductor:
mientras, día a día,
vos seguís escribiendo la misma belleza,
musa incansable,
inalcanzable
Con tus nubes como dioses cambiantes
con el motor de tu océano en nuestros oídos
con la marea roja ardiendo en los ojos
con la tarde que aún nos deja una última sorpresa:
en el claro infinito horizonte del mar
la moneda gigante del sol se sumerge pero deja
este milagro gradiente:
sobre tu cabeza dorada
en una fracción de segundos
un brillo verde.
21 de diciembre de 2012, Hermitage Artist Retreat, Manasota Key, Florida.
De Estúdio Realidade (2013).
AÉREO REVERSO
A palavra surfista desce a onda verso,
ganha velocidade na linha
então
retorna e a
Rasga, num cutback,
e num S perfeito escala
até a espuma:
seus pés pressionam
a prancha
na batida a quilha desliza pelos metros de cristas
Outra cavada forte em sua base
e parte para cima, faz um leque e gira
sobre si, desenha na parede
outra curva rápida-elegante
Agora
um mundo branco se desmorona lentamente
às suas costas
(as sílabas ficam invisíveis enquanto atravessam o tubo)
Só mais alguns segundos
para o fim da bateria
A palavra surfista ressurge do spray da casa de vidro
rasga a muralha esmeralda
em uma
manobra clássica
corta pra dentro
Uma vez mais
atinge o lábio da onda
e voa
AÉREO REVERSO
La palabra surfista desciende la ola verso,
gana velocidad en la línea
entonces
retorna y la
Rasga, en un cutback,
y en un S perfecto escala
hasta la espuma:
sus pies presionan
la tabla
en el impacto la quilla se desliza por los metros de las crestas
Otra cavada fuerte en su base
y parte hacia arriba, hace un abanico y gira
sobre sí, dibuja en la pared
otra curva rápida-elegante
Ahora
un mundo blanco se desmorona lentamente
a sus espaldas
(las sílabas quedan invisibles mientras atraviesan el tubo)
Solo algunos segundos más
para el fin de la batería
La palabra surfista resurge del espray de la casa de vidrio
rasga la muralla esmeralda
en una
maniobra clásica
corta para adentro
Una vez más
alcanza el labio de la ola
De O Enigma das ondas (2020).
O FUTURO MANDOU LEMBRANÇAS
O dia, velho cigano, se encerra,
levando seu ouro para a China.
A noite está fresca na retina.
Quem vai herdar nossa miséria?
A vida uma comédia, só que séria:
Praias tão vazias, páginas tão pálidas
de tanto mistério, de tanto serem lidas.
Quem vai herdar nossa miséria?
Amigos distantes, estas linhas aéreas,
Instantes que foram isso, nada, espuma,
vislumbres, madrugada, alguma lua.
Quem vai herdar nossa miséria?
Minha dor mora onde outros tiram férias.
O passado é um rio que não regressa
e o presente, essa falsa promessa:
Quem vai herdar nossa miséria?
Uma sílaba no ar ainda reverbera.
Dunas mudas, dorso negro de montanhas,
o céu, lápide ardósia nessa quase manhã.
Quem vai herdar nossa miséria?
EL FUTURO MANDÓ RECUERDOS
El día, viejo gitano, se encierra,
llevando su oro para la China.
La noche está fresca en la retina.
¿Quién va a heredar nuestra miseria?
La vida una comedia, solo que seria:
Playas tan vacías, páginas tan pálidas
de tanto misterio, de tanto ser leídas.
¿Quién va a heredar nuestra miseria?
Amigos distantes, estas líneas aéreas,
Instantes que fueron eso, nada, espuma,
vislumbres, madrugada, alguna luna,
¿Quién va a heredar nuestra miseria?
Mi dolor vive donde otros pasan fiestas.
El pasado es un río que no regresa
y el presente, esa falsa promesa:
¿Quién va a heredar nuestra miseria?
Una sílaba en el aire aún reverbera.
Dunas mudas, dorso negro de montañas,
el cielo, lápida pizarra en esa casi mañana.
¿Quién va a heredar nuestra miseria?
De O Enigma das ondas (2020).
MENDIGOS
´Tis News as null as nothing,
EMILY DICKINSON
Na aurora putrefata
mendigos pescam imagens,
imagens de mendigos,
clichês batidos
(disfarce: preconceito de classe)
nas caçambas e latas de lixo
vazias de signos.
Oh, masters of the universe,
o lindo petróleo que jorra
da flor indiferente e idiota.
Mendigos Nasdaq mastigam
mais cenas de mendigos, nas esquinas
do ciberespaço em busca de miragens
(sacos pretos, azuis, coloridos).
É um vírus perverso, delicada
chacina, é um falso Gauguin, o celular
de um Baudelaire apressado tocando
na lama, um vaso de glicínias e camélias
metralhadas, é o mendigo queimado vivo
numa queima de arquivo
no Vale do Silício.
É um broker na Deep Web explodindo
a própria cabeça, uma ex-top model
dormindo na porta de um banco
em Barcelona, injetando
valsas vienenses nas veias.
É um estio com estilo,
antimatéria do não-sentido,
é um after party fatal, muralha de imagens
com milhares de vídeos idênticos,
um pôr do sol exuberante
(cheirado, uma carreira brilhante)
atropelado por um Hyundai Veloster.
Numa poça de agora estagnado
a lua anula a luz do céu veloz.
A mendiga olha: um arco-íris se forma
na branca saliva de uma teia.
Praias patenteadas pela China, ar
a um real, rajada de hashtags na
noite, carvão do crepúsculo.
Hackers mendigos de terno preto Hugo
Boss puído, mijo, detritos, cratera,
a careca luzidia de Dr. Show,
traficante de maresia, cabeça pensa
num sofá de pedra, trincado
busto de manequim na sala VIP
do viaduto do verão
diante de um imenso grafitti
de “A Grande Onda”, de Hokusai, projetado
no paliteiro da metrópole.
E ela cai, exangue, em câmera lenta, offshore.
Zap, zás, zoom, anti-Zeus, ratazanas Dior,
pipocos de AR-15, mendigos fogem
de uma freak wave
de paparazzis italianos. Tulipa
chapada de Propofol
lendo Caminho Suave pela Vereda Versace.
Usuários de crack com cachimbos privê,
biquinhos Gucci, os lábios leporinos
do Senhor Mercado, o matador de aluguel indiano
na boca de rango,
(o rosto limpo como uma enfermaria suíça).
Céu da cidade crua, fantasmas de milicianos,
brisa de commodities, rios cimentados
ou pior: céu fora do ar, noite
em pleno dia, em transe,
fumaça da Amazônia,
névoas de traças,
borboletas digitais de palavras
sem carne, sem viço, sem vida,
minuciosa e impiedosamente
estraçalhadas.
MENDIGOS
´Tis News as null as nothing,
EMILY DICKINSON
En la aurora putrefacta
mendigos pescan imágenes,
imágenes de mendigos,
clichés desgastados
(disfraz: prejuicio de clase)
en los contenedores y tachos de basura
vacíos de signos.
Oh, masters of the universe,
el lindo petróleo que brota
de la flor indiferente e idiota.
Mendigos Nasdaq mastican
más escenas de mendigos, en las esquinas
del ciberespacio en busca de espejismos
(bolsas negras, azules, coloridas).
Es un virus perverso, delicada
matanza, es un falso Gauguin, el celular
de un Baudelaire apresurado tocando
en el barro, un florero de glicinas y camelias
ametralladas, es el mendigo quemado vivo
en una quema de archivo
en el Valle del Silicio.
Es un bróker en la Deep Web explotando
la propia cabeza, una ex-top model
durmiendo en la puerta de un banco
en Barcelona, inyectándose
valsas vienesas en las venas.
Es un estío con estilo,
antimateria del no-sentido,
es un after party fatal, muralla de imágenes
con miles de videos idénticos,
una puesta de sol exuberante
(volado, una carrera brillante)
atropellado por un Hyundai Veloster.
En un charco de ahora estancado
la luna anula la luz del cielo veloz.
La mendiga mira: un arcoiris se forma
en la blanca saliva de una tela.
Playas patentadas por China, aire
a un real, ráfaga de hashtags en la
noche, carbón de crepúsculo.
Hackers mendigos de traje negro Hugo
Boss raído, meo, desechos, cráter,
la pelada lustrosa del Dr. Show
traficante de brisa marina, cabeza piensa
en un sofá de piedra, colgado
busto de maniquí en la sala VIP
del viaducto del verano
ante un inmenso grafiti
de “La Gran Ola”, de Hokusai, proyectado
en el palillero de la metrópoli.
Y ella cae, exangüe, en cámara lenta, offshore.
Zap, zás, zoom, anti-Zeus, ratzillas Dior,
estallidos de AR-15, mendigos huyen
de una freak wave
de paparazis italianos. Tulipa
dopada de Propofol
leyendo Caminho Suave[1] por la Vereda Versace.
Usuarios de crack con pipas privê,
piquitos Gucci, los labios leporinos
del Señor Mercado, el matador a sueldo indio
en el comedor callejero,
(el rostro limpio como una enfermería suiza).
Cielo de ciudad cruda, fantasmas de milicianos,
brisa de commodities, ríos cementados
o peor: cielo fuera del aire, noche
en pleno día, en trance,
humareda del Amazonia,
nieblas de polillas,
mariposas digitales de palabras
sin carne, sin vicio, sin vida,
minuciosa e impiadosamente
descuartizadas.
[1] Es una obra didáctica, un libro de alfabetización popular en Brasil entre los años 50 y 70, concebida por la educadora brasileña Branca Alves de Lima (1911-2001). Fue publicada por primera vez en 1948.
SEXTINA
Lo ferm voler qu’el cor m’intra
ARNAUT DANIEL
Esta vontade que me invade é uma só:
desejo firme de me tornar seu duplo
e mergulhar no mar do amor e no seu transe;
quando estamos juntos, vivos, neste quarto,
ouvindo as vogais das gaivotas no quintal
ou lendo e relendo, em voz alta, esta sextina.
Sonhei que estávamos presos numa sextina,
labirinto obsessivo onde havia um só
caminho que nos levava ao real, ao quintal
(onde você também se tornava meu duplo).
Para definir o que sentimos neste quarto
não havia outra palavra além de transe.
É como uma lenta labareda, em transe,
que dobra e se desdobra sobre si, esta sextina,
ou um espelho mágico num canto do quarto
nos mostrando que a verdade é uma só:
existe, em algum lugar do mundo, um duplo,
em Tóquio, Rio, Provença, até no seu quintal.
“As estações adoram este recanto, este quintal”,
você me diz, imersa num delicioso transe
que a faz ver, em cada verso, seu duplo,
sem conseguir dormir por causa da sextina,
da pandemia que faz, dos dias, um só.
“Veja”, falei, “lá fora a lua entrou em quarto
crescente, o vendaval invade o quarto
e alucina o arvoredo no quintal”.
No sonho havia um cubo imenso, só,
transparente, girando sobre o mar em transe.
Era o núcleo tensionado da sextina,
a imagem mesmo de nossas vidas, como o duplo
sentido de uma palavra, ou o duplo
filamento de uma hélice de DNA. No quarto,
éramos amantes enlaçados, confinados na sextina,
livres para amar, na cama ou no quintal.
Amor é esta labareda que nos pôs em transe
e que faz de mim e de você um só.
Vai, sextina, pousa agora em outro quintal:
fomos felizes neste quarto à beira-mar. Em transe,
o seu duplo coração repousa ao sol.
SEXTINA
Lo ferm voler qu’el cor m’intra
ARNAUT DANIEL
Esta gana que me invade es una sola:
deseo firme de tornarme su doble
y sumergirme en el mar del amor y en su trance;
cuando estamos juntos, vivos, en este cuarto,
oyendo las vocales de las gaviotas en el patio
o leyendo y releyendo, en voz alta, esta sextina.
Soñé que estábamos presos en una sextina.
laberinto obsesivo donde había un solo
camino que nos llevaba al real, al patio
(donde vos también te tornabas mi duplo).
Para definir lo que sentimos en este cuarto
No había otra palabra más que trance.
Es como una lenta llamarada, en trance,
que dobla y se desdobla sobre sí, esta sextina,
o un espejo mágico en un rincón del cuarto
mostrándonos que la verdad es una sola:
existe, en algún lugar del mundo, un doble,
en Tokio, Río, Provenza, hasta en tu patio.
“Las estaciones adoran este rincón, este patio”,
vos me decís, inmersa en un delicioso trance
que la hace ver, en cada verso, tu doble,
sin conseguir dormir a causa de la sextina,
de la pandemia que hace, de los días, uno solo.
“Mirá”, hablé, “allá afuera la luna entró en cuarto
creciente, el vendaval invade el cuarto
y alucina el boscaje en el patio”.
En el sueño había un cubo inmenso, solo,
transparente, girando sobre el mar en trance.
Era el núcleo tensionado de la sextina,
la imagen misma de nuestras vidas, como el doble
sentido de una palabra, o su doble
filamento de una hélice de DNA. En el cuarto
éramos amantes enlazados, confinados en la sextina,
libres para amar, en la cama o en el patio.
Amor es esta llamarada que nos puso en trance
y que hace de mí y de vos uno solo.
Anda, sextina, posa ahora en otro patio:
Fuimos felices en este cuarto a la vera del mar. En trance,
su doble corazón reposa al sol.
Rodrigo Garcia Lopes nasceu em Londrina em 1965. É poeta, romancista, tradutor, compositor e jornalista. Traduziu Marcial, Rimbaud, Whitman, Sylvia Plath, Laura Riding, o anônimo The seafarer, entre outros. De 2002 a 2015 foi um dos editores da revista Coyote. Sua poesia está representada em várias antologias importantes de poesia brasileira contemporânea, no Brasil e no exterior. Em 2001 teve seu “Stanzas in meditation” incluído em “Os cem melhores poemas brasileiros do século”. O romance policial-histórico O trovador foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2018. “Poemas coligidos” (1983-2020), reunindo seus sete livros de poemas, sairá em fevereiro de 2023. Site oficial: www.rgarcialopes.wix.com/site
Rodrigo Garcia Lopes nació en Londrina en 1965. Es poeta, novelista, traductor, compositor y periodista. Tradujo Marcial, Rimbaud, Whitman, Sylvia Plath, Laura Riding, el anónimo The seafarer, entre otros. Entre 2002 y 2015 fue uno de los editores de la revista Coyote. Su poesía forma parte de varias antologías importantes de poesía brasileña contemporánea, en Brasil y en el exterior. En 2001 su “Stanzas in meditation” fue incluido en “Os cem melhores poemas brasileiros do século”. La novela policial-histórica “O trovador” quedó finalista en el Premio San Pablo de Literatura en 2018. “Poemas coligidos (1983-2020)”, el cual reúne sus 7 libros de poemas, será publicado en febrero 2023. Página oficial: www.rgarcialopes.wix.com/site