Curaduría y traducción:
Agustín Arosteguy
POTLATCH
worse than useless custom
LAWRENCE VANKOUGHNET
Estes os dons que antes nos deram
trazendo anéis de flores novas,
rebentos sob os pés na terra
sementados no lar da cova,
trazendo anéis de flores novas,
vão contradons dos meus avós
sementados no lar da cova
alheia décadas depois,
vão contradons dos meus avós
ao outro lado da família
alheia décadas depois,
como uma filha vem da filha
ao outro lado da família
cedendo tudo que ganhou,
como uma filha vem da filha,
como um avô vem de outro avô
cedendo tudo que ganhou,
desfaz-se tudo, menos carne,
como um avô vem de outro avô,
concede até chegar no cerne,
desfaz-se tudo, menos carne,
onde a medula dessas coisas
concede até chegar no cerne
e fundação das nossas casas,
onde a medula dessas coisas,
a mãe da mãe, o som do som
e fundação das nossas casas
farão seu dom no contradom,
a mãe da mãe, o som do som,
estes os dons que antes nos deram:
farão seu dom no contradom
rebentos sobre os pés na terra.
POTLATCH
worse than useless custom
LAWRENCE VANKOUGHNET
Estos dones que antes nos dieron
trayendo anillos de flores nuevas,
retoños bajo los pies en la tierra
sembrados en el lar de la fosa,
trayendo anillos de flores nuevas,
van contradones de mis abuelos
sembrados en el lar de la fosa
ajena décadas después,
van contradones de mis abuelos
al otro lado de la familia
ajena décadas después,
como una hija viene de la hija
al otro lado de la familia
cediendo todo lo que ganó,
como una hija viene de la hija,
como un abuelo viene de otro abuelo
cediendo todo lo que ganó
deshacerse de todo, menos la carne,
como un abuelo viene de otro abuelo,
concede hasta llegar al centro,
deshacerse de todo, menos la carne,
donde la médula de estas cosas
concede hasta llegar al centro
y fundación de nuestras casas,
donde la médula de estas cosas,
la madre de la madre, el sonido del sonido
y fundación de nuestras casas
harán su don en el contradon,
la madre de la madre, el sonido del sonido
estos dones que antes nos dieron:
harán su don en el contradon
retoños sobre los pies en la tierra.
SUSPENSO
1.
Certo sonho eu vi um homem
parado ao meio do cerrado.
Sem dizer nada
me encheu inteira a boca
com tufos e pelos de bichos
depois me disse:
Acorda agora e fala.
Ao despertar eu expelia versos.
2.
E cada fio do teu cabelo
detém quarenta anzóis
onde me prendo
como arapuca esperta
que, exausta a presa,
em silêncio vai crescendo
e feito uma águia mutilada
após a flecha
também me rendo
nas tendas rotas,
no abandono das pedras
do teu acampamento
destroçado por fogo,
fúria,
vento.
E, peixe compelido
à seca dos açudes,
assim me vendo
e sem a vista estrita
do teu olhar,
sem direito a lamento
e sem um canto
onde cair,
sem fora ou dentro,
ali me enredo
alucinado no sabor
do meimendro:
perco a linha das rendas
como agulha em deriva,
porém desvendo.
E lendo o corpo em pelo
ali onde deslembro
tu ris e segues sendo:
e quando me contento
com teu silêncio
tu ris e segues sendo.
3.
Quando o sol se desenrolar
e quando cada estrela desabar
e quando cada monte passear
e quando a camela prenhe se largar
e quando cada fera se juntar
e quando arder em todo o mar
e quando cada alma emparelhar
e quando a enterrada viva explicar
por que motivo a podem trucidar
e quando a escrita se desenrolar
e quando o céu se esfolar
e quando o inferno se atiçar
e quando o paraíso se achegar
então toda alma tudo saberá.
Juro por todo astro que gira
que corre e esconde sua pira
pela noite quando inspira
pela aurora que respira:
na certa ele é o mensageiro altivo
junto ao dono do trono, ativo,
que todos obedecem no crivo
e não é louco o seu amigo
que no horizonte o tinha visto
nem é avaro quanto ao inviso —
e isto não vem dito por demo maldito.
Mas onde vocês procuram seu destino?
Isto é lembrança para os universos
pra quem no certo está converso
mas com isto vocês não querem conversa
se o senhor dos universos
com isto não conversa.
4.
Com meus companheiros me detive
entre as águas de dois rios
que cruzam a metrópole
lugares onde nada existe
onde não há ninguém
(a natureza das coisas tem mudado).
Entramos à direita pela nuvem
enquanto a esquerda despencava
e desabaram águas
derrubando árvores:
uma borrasca de folhas
desentocou os hóspedes da selva
e não sobrou de pé um tronco só
e entre edifícios de pedra
restaram penhascos apenas
como se o monte mais imenso
sob as primeiras chuvas
vestisse a longa túnica estriada
e de manhã depois do turbilhão
o cimo fosse uma cabeça calva
A enxurrada desceu seu despejo nas águas
feito um mascate a desdobrar tapetes
no dia seguinte parecia que os pássaros
sorviam com pimenta seu cauim
moluscos reviravam a sombra do céu
fazendo um pasto pros golfinhos
e nos limites mais distantes
os bichos afogados
pareciam raízes arrancadas de cebola.
5.
Ao despertar eu expelia versos
neste naufrágio em terra firme
sentindo em minha língua
algo de vinho, arenga em teus cabelos.
Nota: A seção 3 foi escrita a partir da sura 81 do Corão. A seção 4 reformula imagens da seleta beduína do Al-Muʿallaqāt.
SUSPENSO
1.
Cierto sueño vi a un hombre
detenido en el medio del cerrado.
Sin decir nada
me llenó la boca entera
con mechones y pelos de bichos
después me dijo:
Despierta ahora y habla.
Al despertar yo expelía versos.
Y cada hilo de tu cabello
detentan cuarenta anzuelos
donde me prendo
como trampa experta
que, exhausta a la presa,
en silencio va creciendo
y hecho un águila mutilada
luego de la flecha
también me rindo
en las tiendas rotas,
en el abandono de las piedras
de tu campamento
destrozado por el fuego,
furia,
viento.
Y, pez compelido
a la sequía de los azudes,
así me vendo
y sin la vista estricta
de tu mirar,
sin derecho a lamento
y sin un rincón
donde caer,
sin fuera o dentro.
allí me enredo
alucinado en el sabor
del beleño:
pierdo la línea de las riendas
como aguja en la deriva,
sin embargo desvendo.
Y leyendo el cuerpo en pelo
allí donde no recuerdo
tu ríes y sigues siendo:
y cuando me contento
con tu silencio
tu ríes y sigues siendo.
Cuando el sol desplegar
y cuando cada estrella desplomar
y cuando cada monte pasear
y cuando la camella preñada largar
y cuando cada fiera juntar
y cuando arde en todo el mar
y cuando cada alma emparejar
y cuando la enterrada viva explicar
por qué motivo la pueden trucidar
y cuando la escrita desplegar
y cuando el cielo desollar
y cuando el infierno atizar
y cuando el paraíso acercar
entonces toda alma todo sabrá.
Juro por todo astro que gira
que corre y esconde su pira
por la noche cuando inspira
por la aurora que respira:
por cierto él es el mensajero altivo
junto al dueño del trono, activo,
que todos obedecen en el cribo
y no es loco su amigo
que en el horizonte lo había visto
ni es avaro como el no visto —
y esto no viene dicho por demonio maldito.
¿Pero dónde ustedes procuran su destino?
Esto es remembranza para los universos
para quien en lo cierto está converso
pero con esto ustedes no quieren conversa
si el señor de los universos
con esto no conversa.
Con mis compañeros me detuve
entre las aguas de dos ríos
que cruzan la metrópoli
lugares donde nada existe
donde no hay nadie
(la naturaleza de las cosas ha mudado).
Entramos a la derecha por la nube
mientras la izquierda se desplomaba
y colapsaron las aguas
derribando árboles:
una borrasca de hojas
desalojó a los huéspedes de la selva
y no sobró en pie un solo tronco
y entre edificios de piedra
restaron peñascos apenas
como si el monte más inmenso
bajo las primeras lluvias
vistiese la larga túnica estriada
y de mañana después del torbellino
la cima fuese una cabeza calva
El torrente descendió su desecho en las aguas
hecho un buhonero que desdobla alfombras
al día siguiente parecía que los pájaros
sorbían con pimienta su cauim
moluscos reviraron la sombra del cielo
haciendo un pasto para los delfines
y en los límites más distantes
los bichos ahogados
parecían raíces arrancadas de cebolla.
Al despertar yo expelía versos
en este naufragio en tierra firme
sintiendo en mi lengua
algo de vino, arenga en tus cabellos.
Nota: La sección 3 fue escrita a partir de la sura 81 del Corán. La sección 4 reformula imagénes de la selección beduina del Al-Muʿallaqāt.
ANTINOMES DE UM RIO
nos rios, cortejava o Rio,
o que, sem lembrar, temos dentro.
CABRAL, “Murilo Mendes e os rios”
1.
Ao rio da minha infância ninguém pôde dar,
e nunca teve nome,
seus nomes eram avenida,
como a vida, cruzada
por outras vias,
porém corria cada
metro em barranca definida
pelo trabalho do homem
nem tem como eu um pouso onde parar;
e se hoje me consome
no rio morto ver a vida
doce descer a estrada
parca de dias,
é que está continuada
na morte presumida
que há anos o carcome,
e de morte deliro que ele aduba o mar.
2.
Um menino saía todo dia
e topando com tudo ali virava,
como amador que vira a coisa amada,
a coisa ali qualquer que o pressentia,
os cães de rua, homens de rua, os ratos
dentro dos prédios, com ou sem seus ternos,
as meninas de saias e cabelos
coloridos aos berros, os assaltos
do dia a dia, o asfalto, o cimento,
o cachimbo jogado, a vala, o medo,
os pregos entre os dedos na calçada,
as lascas na parede de uma bala
entre casas, as casas nunca vistas,
um corpo, as manchas todas de outras listas.
3.
Correndo assim escuro lento espesso,
piche cidade adentro, o mesmo cheiro
dos mangues condensado, aqui te peço,
rio da minha aldeia, o nome inteiro,
o meu, o teu, valão da vida inteira,
que desce calmo até que inteiro meça
palmo a palmo a avenida e que enfim nessa
anônima passagem de clareira
desconhece barranca não-humana,
rio manso, dejeto destes vivos,
da pinguela em que passo já te aceno,
neste curso tão reto, tão ameno,
lugar comum que a minha terra irmana,
dou-me-te o nome novo: morto-vivo.
4.
A primeira vez que ouviu um tiro
foi na casa do amigo
e parecia longe o tiro
porque a casa longe que era
era a casa do amigo;
ao se multiplicarem, num clarão,
que bonito, pareciam
fogos de artifício do invisível.
A segunda, bem antes da primeira,
atirando em passarinho,
mirava bem o chumbo,
coisa infantil, erguida ao olho,
e pronto: ali quedavam mortos
os pardais que por muito tempo não veria
noutras terras, as plumas refletidas
ao sol desciam lentas, recusando
o chumbinho em suas veias
numa dança de vento e sangue.
A sétima, metal pesado aos dedos,
parecia a corrente que acorrenta
as maritacas novas no poleiro;
pensou como cantar o rio em sua aldeia,
jurou cantar o rio em sua aldeia.
5.
Toda infância é queimada
na beira de algum rio.
6.
Árvores rebentavam sob os pés
por baixo, bem abaixo sob o contrapiso
da calçada, estourando velhos canos
entre brotos e sol, esgoto de anos
brecando-as longe, abaixo rebatidas
por entre estratos de cimento, asfalto,
sangue e osso e medula comprimidos
na mó desta cidade.
(O que das árvores
correu até os músculos dos pés,
até as veias, os tendões, o que
carregam à garganta dos calados
na chuva fértil e ácida, com seus
pescoços pênseis, dedo ativo,
pausando em pontos de ônibus possíveis?)
Os estilhaços das janelas fazem
no chão esta seara luminosa,
vidro no vidro transplantado, cores
parcas de branco e cinza e chumbo
que adentram sob a pele, que desfolham
os olhos pasmos sob as nuvens; tudo
germina nesta carne, tudo atropela
os ramos dos pulmões em busca de ar,
e ainda assim respiram, nunca param.
(Feito granizo descem procurando
um ninho novo sobre as testas, dando
poros aos corpos perfuráveis, dando
talhos por tudo, desfrutando as plantas
de seus rebentos; e elas crescem outras
entre ferragens e borrachas, outras
carnes de si achando, cernes rachados
da vastidão em torno.)
Mas nasciam
também os prédios e consigo a seiva;
qual, não sabemos, e ela se destila
em lentos tragos; algo ainda espera
(áridas cascas da última caída?)
no mato em nós, na mata que pudera
cobrir as bocas todas deste cerco.
A coisa viva e dúctil nos encerra.
7.
E vinhas rompem dos meus dedos
e abelhas repletas de pólen
zunem pesadas nos rebentos
entre pássaros que quase dormem
na claridade fatigada
da tarde, as frutas, folhas, flores
em seus renovos delicadas
de novo ofertam força aos peixes
deste rio que sou e acabam
por renascer no lodo em feixes
de rocha e de metal pesado
como carnagem fina em seixos
traduzida, canalizado
aqui transbordo além da conta
e devorando todo o prado
devolvo vida em vida, ponta
a ponta, em mim o asfalto brilha
de caramujos, mariposas
nublam o dia que cintila
de vagalumes incendiários,
lançando fogo e maresia
nos becos, nas docas, nos carros
que de ferrugem reconcebem
nomes de tudo, em tempo e espaço;
o sol da língua agora desce
aos astros desfazendo o chumbo
em chuva e à chuva aquece
até o vapor dos olhos mudos,
que logo falam e devastam
as cidades, estradas, muros,
e este rio no caos repasta
ossos do amor, porque ele é
tudo que sou e somos, basta
olhar pro morto agora em pé,
basta entrançar na carne dura
do rio, basta abastar o ser
de nada e ao fim boiar na fúria.
p/ Ricardo Domeneck
ANTINOMBRES DE UN RÍO
nos rios, cortejava o Rio,
o que, sem lembrar, temos dentro.
CABRAL, “Murilo Mendes y los ríos”
1.
Al río de mi infancia nadie le pudo dar,
y nunca tuvo nombre,
sus nombres eran avenida,
como la vida, cruzada
por otras vías,
sin embargo corría cada
metro en barranca definida
por el trabajo del hombre
no tiene como yo un poso donde parar;
y si hoy me consume
en el río muerto ver la vida
dulce descender a la vereda
parca de los días,
es que está continuada
en la muerte presumida
que hace años lo carcome,
y de muerte deliro que él adoba el mar.
Un chico salía cada día
y topando con todo allí viraba,
como amador que vira la cosa amada,
a cualquier cosa que allí lo presentía,
los perros de calle, hombres de calle, los ratones
dentro de los predios, con o sin sus trajes,
las chicas de sandalias y cabellos
coloridos a los berros, los asaltos
del día a día, el asfalto, el cemento,
la pipa tirada, la zanja, el miedo,
los clavos entre los dedos en la vereda,
las lascas en la pared de una bala
entre casas, las casas nunca vistas,
un cuerpo, las manchas todas de otras listas.
Corriendo así oscuro lento espeso,
pinte ciudad adentro, el mismo olor
de los manglares condensado, aquí te pido,
río de mi aldea, el nombre entero,
el mío, el tuyo, valón de la vida entera,
que desciende calmo hasta que entero mida
palmo a palmo la avenida y que al fin en este
anónimo pasaje de claridad
desconoce barranca no-humana,
río manso, desecho de estos vivos,
del pontezuelo en que paso ya te saludo,
en este curso tan recto, tan ameno,
lugar común que mi tierra hermana,
te me doy el nombre nuevo: muerto-vivo.
La primera vez que oyó un tiro
fue en la casa del amigo
y parecía lejos el tiro
porque la casa lejos que era
era la casa del amigo;
al multiplicarse, en un destello,
qué bonito, parecían
fuegos artificiales de lo invisible.
La segunda, mucho antes de la primera,
tirando a un pajarito,
miraba bien el plomo,
cosa infantil, erguida a la vista,
y listo: allí quedaban muertos
los gorriones que por mucho tiempo no vería
en otras tierras, las plumas reflejadas
al sol descendían lentas, recusando
el plomito en sus venas
en una danza de viento y sangre.
La séptima, metal pesado a los dedos,
parecía la cadena que encadena
las cotorras nuevas a la percha;
pensó cómo cantarle al río en su aldea,
juró cantarle al río en su aldea.
5.
Toda infancia se quema
en la vera de algún río.
Árboles reventaban bajo los pies
por debajo, muy abajo bajo el contrapiso
de la vereda, estallando viejos caños
entre brotes y sol, cloaca de años
dirigiéndolos lejos, abajo rebatidos
por entre estratos de cemento, asfalto,
sangre y hueso y médula comprimidos
en la moledora de esta ciudad.
(Qué de los árboles
corrió hasta los músculos de los pies,
hasta las venas, los tendones, qué
cargan a la garganta de los callados
en la lluvia fértil y ácida, con sus
pescuezos penduleados, dedo activo,
pausando en paradas de ómnibus posibles?)
Las astillas de las ventanas hacen
en el suelo esta cosecha luminosa,
vidrio en el vidrio trasplantado, colores
parcos de blanco y gris y plomo
que adentran bajo la piel, que deshojan
los ojos pasmos bajo las nubes; todo
germina en esta carne, todo atropella
las ramas de los pulmones en busca de aire,
y aun así respiran, nunca paran.
(Hecho granizo descienden procurando
un nido nuevo sobre las frentes, dando
poros a los cuerpos perforables, dando
tallos por todo, disfrutando las plantas
de sus retoños; y ellas crecen otras
entre herrajes y cauchos, otras
carnes de sí hallando, centros rajados
de la vastedad en torno.)
Pero nascían
también los predios y consigo la sabia;
que, no sabemos, y ella se destila
en lentos tragos; algo aún espera
(¿áridas cáscaras de la última caída?)
en el matorral en nosotros, en la mata que pudiera
cubrir las bocas todas de este cerco.
La cosa viva y dúctil nos encierra.
7.
Y las viñas se rompen de mis dedos
y abejas repletas de polen
zumban pesadas en los retoños
entre pájaros que casi duermen
en la claridad fatigada
de la tarde, las frutas, hojas, flores
en sus renuevos delicadas
de nuevo ofrecen fuerza a los peces
de este río que soy y acaban
por renacer en el lodo en bultos
de rocas y de metal pesado
como carnicería fina en guijarros
traducida, canalizado
aquí trasbordo más allá de la cuenta
y devorando todo el prado
devuelvo vida en vida, punta
a punta, en mí el asfalto brilla
de caramujos, mariposas
nublan el día que centellea
de luciérnagas incendiarias,
lanzando fuego y brisa marina
en los callejones, en las dársenas, en los autos
que de herrumbre reconciben
nombres de todo, en tiempo y espacio;
el sol de la lengua ahora desciende
a los astros deshaciendo el plomo
en lluvia y a la lluvia calienta
hasta el vapor de los ojos mudos,
que luego hablan y devastan
las ciudades, rutas, muros,
y este río en el caos repasta
huesos del amor, porque él es
todo lo que soy y somos, basta
mirar para el muerto ahora de pie,
basta entrelazar en la carne dura
del río, basta abastar el ser
de nada y al fin boyar en la furia.
p/ Ricardo Domeneck
Guilherme Gontijo Flores, nasceu em Brasília no ano 1984. É poeta, tradutor e professor de Língua e Literatura Latina na UFPR. Publicou os poemas de “brasa enganosa” (2013), “Tróiades” (www.troiades.com.br, site em 2014, impresso em 2015), “l’azur Blasé” (2016) e “Naharia”, que formam a tetralogia poética reunida em “Todos os nomes que talvez tivéssemos” (2020). Também “carvão :: capim” (2017, Portugal; 2018, Brasil), “Arcano 13” (2022, em parceria com Marcelo Ariel), “Entre costas duplicadas desce um rio” (em parceria com o artista plástico francês François Andes) e “Potlatch” (2022), entre outros. Pela tradução de “A anatomia da melancolia” recebeu os prêmios APCA e Jabuti, de “Elegias de Sexto Propércio” o prêmio da Biblioteca Nacional e de “Safo: fragmentos completos” o prêmio APCA. É cofundador e coeditor do blog e revista escamandro e membro do grupo Pecora Loca, dedicado a poesia e performance e(m) tradução. Tem poemas, artigos, ensaios e traduções publicados em várias revistas dentro e fora do Brasil.
Guilherme Gontijo Flores, nació en Brasília en el año 1984. Es poeta, traductor y profesor de Lengua y Literatura Latina en la Universidad Federal del Paraná. Publicó los libros de poemas “brasa enganosa” (2013), “Tróiades” (www.troiades.com.br, site en 2014, impreso en 2015), “l´azur Blasé” (2016) y “Naharia”, que forman la tetralogía poética reunida en “Todos os nomes que talvez tivéssemos” (2020). Luego vinieron “carvão :: capim” (2017, Portugal; 2018, Brasil), “Arcano 13” (2022, junto con Marcelo Ariel), “Entre costas duplicadas desce um rio” (2022, junto con el artista plástico francés François Andes) y “Potlatch” (2022), por citar algunos. Por la traducción de “A anatomia da melancolia” recibió los premios APCA y Jabuti, de “Elegias de Sexto Propércio” el premio de la Biblioteca Nacional y de “Safo: fragmentos completos” el premio APCA. Es cofundador y coeditor del blog y revista escamandro y miembro del grupo Pecora Loca, dedicado a la poesía y performance y/en traducción. Posee poemas, artículos, ensayos y traducciones publicados en varias revistas dentro y fuera de Brasil.
Agustín Arosteguy (Balcarce, 1977) es escritor y traductor. Como escritor ha participado en varias antologías de Argentina, México, España y Brasil. En 2001 escribió el guión del documental “Balcarce´ko Euskaldunak” que fue seleccionado para participar del Programa Gastemundu promovido por el Gobierno Vasco. Escribió los libros “Mi vida es un limón, ¡por favor devuelvan mi dinero!” (La Vaca Mariposa, 2013) y “Escaramú Majestic” (Fuga, 2013; Editorial Araña, 2014). Ambos libros fueron traducidos al portugués, “Minha vida é um limão, por favor devolvam meu dinheiro!” (Ramalhete, 2016) y “Carne de canhão” (Mórula, 2014), a través del Programa Sur. En 2013, fue finalista del II Premio de Literatura Experimental organizado por el Centro Cultural Sporting Club Russafa con el libro “¿Estás contenta con tu Rocambole, amor mío inaccesible?” Entre mayo 2015 y septiembre 2016 mantuvo la columna semanal “Mosaicos”, sobre literatura contemporánea brasileña, en el Suplemento Cultura del diario La Capital de Mar del Plata. Como traductor ha volcado al castellano a los siguientes poetas brasileños: Maria Esther Maciel, Marcelo Montenegro, Adriane Garcia, Fabrício Marques, Inês Campos y Marcelo Sandmann.
Agustín Arosteguy (Balcarce, 1977) escritor e tradutor. Como escritor tem participado em várias antologias na Argentina, México, Espanha e Brasil. Em 2001 escreveu o roteiro do documentário “Balcarce´ko Euskaldunak” que foi selecionado para participar do Programa Gastemundu promovido pelo Governo Vasco. Escreveu os livros “Mi vida es un limón, ¡por favor devuelvan mi dinero!” (La Vaca Mariposa, 2013) e “Escaramú Majestic” (Fuga, 2013; Editorial Araña, 2014). Ambos os livros foram traduzidos ao português, “Minha vida é um limão, por favor devolvam meu dinheiro!” (Ramalhete, 2016) e “Carne de canhão” (Mórula, 2014), através do Programa Sur. Em 2013, foi finalista do II Prêmio de Literatura Experimental organizado pelo Centro Cultural Sporting Russafa com o livro “¿Estás contenta con tu Rocambole, amor mío inaccesible?” Entre maio 2015 e setembro 2016 manteve a coluna semanal “Mosaicos”, sobre literatura contemporânea brasileira, no Suplemento Cultura do jornal La Capital de Mar del Plata. Como tradutor tem levado ao castellano aos seguintes poetas brasileiros: Maria Esther Maciel, Marcelo Montenegro, Adriane Garcia, Fabrício Marques, Inês Campos y Marcelo Sandmann.